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Pequenos gestos, grandes atitudes


Todo artigo tem um propósito. Este fala sobre os pequenos gestos. Aqueles que poucos vêem, mas que torna possíveis os grandes gestos históricos.Muitas vezes pensamos que estes gestos têm pouca importância, pois somos só mais um entre tantos...

Mas é por pensarmos assim que continuamos escravizados. Pequenas atitudes têm a ver com posicionamento, postura, afirmação e contundência. Por isso, fazendo pequenos gestos com consciência, temos uma poderosíssima ferramenta para a luta pelos valores do hip-hop, de justiça, igualdade, paz e amor.

Um ser consciente é antes de tudo aquele que age de acordo com valores de humanismo. A consciência é considerada o quinto elemento do hip hop, o elemento que dá sentido aos demais. Ela é sustentada pela informação e pelo senso crítico. Por isso, devemos sempre buscar saber como as coisas acontecem, e observar quais interesses estão por trás das notícias.

Consciência é uma questão de coerência. Se queremos paz, temos que conviver pacificamente no show, na vizinhança e na família. Pacíficos, e não passivos. Temos que inverter a ideia de Maquiavel, de que os fins justificam o meio. Na realidade, os meios é que justificam os fins, pois guerra nunca gerará paz, nem o ódio o amor.

Os pequenos gestos são vitais por exemplo na hora de consumirmos. O consumo é tão importante na sociedade capitalista que temos que utilizá-lo ao nosso favor. Temos que entender que tudo está interligado, e que uma pepsi que você compra aqui, mata um irmão no oriente médio, pois a pepsi financia a campanha dos Republicanos, o partido do Bush, o partido da guerra... Louco né?

Mahatma Ghandi, líder da indepedência da Índia e um dos maiores mestres da humanidade, utilizou muito bem os pequenos gestos, quando junto com seu povo passou a coser suas próprias roupas, negando o algodão inglês que mantinha a dependência indiana.

E não para por aí. Uma atenção sincera que você dá a uma criança hoje, pode muito bem evitar que ela se transforma num crimonoso amanhã. As possibilidades são inúmeras, pense em pequenas coisas na sua vida que podem produzir um efeito positivo na vida dos demais. Fazer a nossa parte nos dá grande satisfação.

A grande escolha nós já fizemos, que foi o hip-hop. Agora é hora de transformarmos cada vez mais os pequenos gestos em grandes atitudes. Rimando consciência com coerência, ninguém pode nos parar.

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Ainda existe esquerda e direita na política

“Não tem mais essa divisão de esquerda e direita, hoje está tudo misturado”

Ouço essa frase sempre que um dito entendido comenta a política na televisão.

Engraçado, mas eu abro a Veja e Vejo sempre os mesmos pensamentos sendo inseridos dentro das reportagens: criminalização dos movimentos sociais, preconceito contra aqueles que buscam mudanças, marginalização do povo pobre e exaltação da inteligência burguesa. Isso é a direita mais viva do que Sempre ou eu tô maluco?

Enquanto anunciam o fim da direita, para que pensamos que todos são iguais, eu a vejo em cada modo de colocar a palavra do Bornner, em cada sorriso dos candidatos do DEM, em cada propaganda de refrigerante, em cada silêncio dos filmes americanos.

A separação de esquerda e direita surgiu durante a Revolução Francesa devido a disposição nas cadeiras do parlamento: o grupo que sentava do lado esquerdo aprovava as mudanças radicais da Revolução, e na direita ficava o pessoal que queria manter tudo como estava.

E sempre foi assim. A esquerda sempre foi quem participou dos movimentos de libertação do povo, de desenvolvimento e evolução da sociedade, como aqui no Brasil lutando pelo fim da escravidão e o fim da ditadura. A direita sempre foi quem impedir mudanças e perpetuou a desigualdade que tanto sofremos após 520 anos de invasão portuguesa.

A esquerda é socialista, pois socialismo é dividir entre todos, sem desigualdade ou exclusão, as riquezas produzidas pela nação.

A direita é retrógrada, conservadora, porque age pela manutenção da desigualdade, para que quem tem o dinheiro e o poder continuem a ter o dinheiro e o poder.

É notória a diferença de discurso entre ambos: se a esquerda fala de reforma agrária, a direita fala em punir os sem-terras; enquanto a esquerda se ocupa com o fim da corrupção, a direita em aumento de salário de deputados; a esquerda quer o alimento para todos, a direita o pão importado para poucos.

Felizmente hoje, após a morte e tortura de muitos de esquerda, somos nós quem escolhemos nossos representantes. Os candidatos estão aí e está com a gente separar o joio do trigo então algumas perguntas tem que ser feitas: Quem é do povo e quem prefere jantar com empresários? Quero ama o simples e quem adora o luxo? Enfim, quem é de esquerda e quem é de direita?


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Corres da Literatura Marginal



A literatura marginal não está de passagem e nem a passeio, né não Dinha?! Veio prá ficar, porque já passou da hora de termos voz, e também letras. Segue abaixo alguns dos corrres da galera até o presente momento. Aviso ao sistema: Estamos em construção, livro por livro!

Alessandro Buzo, além dos livros publicados, contribui significantemente na cena toda, fazendo kaos com seu boletim, periferiando blog's, entre outros muitíííííssimos corres. De Maio a Abril. Na real, o Buzo deve ser uns cinco irmaos gêmeos. Outro cara que escreve, milita e organiza, e não para nunca, é o parceiro Toni C. Pode crê, só Manumilde.

Ha ha, hu hu, o Sérgio Vaz é nosso!!! O melhor poeta de todos os tempos. Se não para a ABL, para a gente é. Sem reticências. Salve aos cooperiféricos!

Por falar em poeta, Allan da Rosa quebra vidraças com seu lirismo negro. A dupla Elisandra e Akins mostra a que veio. Construimos marginalmente, porque somos Du lixo, Du ghetto, da Periafricania, guerreiros que ninguém põe na Maca.

Atenção, encontramos a cura! Contra o vício da cola, nada melhor que Sacolinha. Vai aprender assim lá com o Ciríaco. Só assim prá essa Sociedade do código de barras não nos colocar de Canto.

A Mary do Rap versa de dentro do nosso cérebro e chega ao coração de todos. Salve Valdir Couto, família Elo da Corrente e todos os saraus e bibliotecas comunitárias espalhadas pelo Brasil. Haja armamento para a (r)evolução!

O Ferréz é nosso antimíssel aéreo, disparando rajadas curtas e grossas na elite preconceituosa. E olha que ainda temos Fuzzil hein...

Por falar em arsenal pesado, olha o pessoal do rap que chega chegando: Crônica, Bill, Gog, Thaíde, Eduardo, entre outros. É um orgulho somar palavras com vocês.

É isso aí. A todos que não estão aqui, mas que também lapidam palavras afiadas. Estamos rimando ação com (r)evolução. Só não vê quem não quer ler.

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Da calçada uma Biblioteca



Em meio ao deserto da falta de oportunidade e exclusão, surge um oásis literário. Como se fosse um conto de fadas, um batalhão de crianças deixa voluntariamente suas televisões para fazer contas matemáticas, preencher palavras cruzadas e aprender o prazer de ler.

Crianças de todas as idades estão encontrando nas letras razões para viver. Aliás, aprendemos a rimar “ser” com “viver”, e não somente com “sobreviver”. O conhecimento nos direciona, o romance nos empurra e a poesia alimenta nossa alma.

Passar uma manhã na Biblioteca da Calçada é uma enciclopédia ao ser humano. As horas voam facilmente vislumbrando figuras de obras de arte, aprendendo história em capas de jornais antigos, garimpando clássicos e absorvendo literatura popular.

Com todos esses livros didáticos, aprendemos uma importante lição: a literatura é nossa, da comunidade, da periferia. E quer lugar mais democrático para atividades literárias que a calçada?

Emocionou-nos ouvir de uma mãe que as atividades da biblioteca estão tendo um papel decisivo na luta da filha contra a depressão.

A cada depoimento sincero e sorriso singelo, ganhamos tinta para mais cem mil edições do projeto. Somos uma coletânea pequena, orgulhosos de oferecer condições para que cada um escreva da melhor maneira suas vidas.

Fazendo tanto com tão pouco, é impossível entender a ineficiência do teatro da política.

Extra, extra! Durante vistoria de policiais fardados, foram encontradas munições literárias pesadas e drogas poéticas fortes contra os entorpecentes genocidas do sistema.

O milagre da literatura se faz presente na cidade de Cravinhos-SP, pelas páginas do projeto Cre-Ser. Isso só tem um nome no dicionário: revolução.

Leia sem moderação!

Nosso blog: http://www.cre-sercravinhos.blogspot.com/
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Era uma vez...




... numa terra chamada Brasil, um lindo bebê com o nome de Hip. Para ser mais completo, Hip-Hop Nacional.

Seus primeiros anos de vida anunciavam uma vida muito feliz, pois a imaginação e o sentimento do novo o inspirava a criar.

Devagarzinho, mas mais rápido do que se esperava, ele aprendeu a andar com as próprias pernas e assim percorreu lugares inatingíveis. Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez, como diria o outro.

Precoce, já sem cócegas nem cócoras, logo na infância foi conhecido e reconhecido por todo o Brasil. Se envolveu com pessoas dos mais diferentes tipos, reunindo em si valiosas culturas.

Presente em toda quebrada que se preze, tornou-se referência para milhares de pessoas, salvando vidas e servindo de inspiração para duras lutas diárias.

Por andar sempre lado a lado com as camadas populares, os excluídos e marginalizados, tal qual Jesus, sofreu perseguição pelo racismo, pelo preconceito elitista e pela censura. Ao invés de desanimar, prosseguiu firme na caminhada, pois só lhe mostrou que estava no caminho certo.

Somente somos justos quando incomodamos a injustiça.

Com persistência e muito talento, consolidou-se na música, dança e pintura. Ganhou a cara do Brasil e fez com que o Brasil fosse também um pouco a sua cara. Contundente, fazendo da arte uma arma, provou que um mundo melhor sempre será possível enquanto houver a luta dos excluídos. O nosso país é com certeza um pouco melhor por causa dele.

Ultimamente, contrariando o que os críticos que sempre lhe apregoaram, passou a andar lada-a-lado com a literatura. Anda enchendo a boca para falar de poesia!

Aí já é muito abuso...



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todos os artigos são de autoria de André Ebner